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quinta, 26 de agosto de 2010

Pantanal: 120 dias sem chuva

A falta da chuva muda à paisagem no Pantanal criando um ambiente favorável à ocorrência das queimadas. Não ocorreu chuva em setembro, sendo que a média histórica para esse período era de 50 milímetros. Além disso, o rio Paraguai, o principal da bacia que leva seu nome, está atingindo níveis cada vez mais baixos, prejudicando a navegação, a fauna silvestre e a atividade pecuária da região.

Com base em dados coletados na estação Nhumirim, monitorada pela Embrapa Pantanal (unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA), na sub-região da Nhecolândia, a pesquisadora Balbina Soriano explica que praticamente desde março, com exceção de maio que choveu 85,4 mm, o total pluviométrico mensal ficou abaixo da média histórica. Ela esclarece que o total pluviométrico de junho a setembro desse ano em Corumbá foi de 19,2 mm, sendo que o previsto com base na média histórica seria de 139,1 mm, ou seja, choveu até agora 13,8% do esperado. Já na sub-região da Nhecolândia foi de 0,0 mm, onde o esperado pela média histórica seria de 111 mm. “A situação é preocupante, a longa estiagem traz conseqüências danosas tanto para a população quanto para o meio ambiente, contribuindo com baixos índices de umidade relativa e com o aumento dos focos de calor”, acrescenta a pesquisadora.

Em observação à variação diária do nível rio Paraguai medida pela régua de Ladário (MS), a pesquisadora da Embrapa Pantanal, Márcia Toffani, explica que a diminuição acentuada do nível do rio nestas últimas semanas é reflexo da estiagem observada em toda a Bacia do Alto Paraguai. As temperaturas elevadas também contribuem com a perda de umidade da bacia como um todo. Conforme o Serviço de Sinalização Náutica d’Oeste do 6º Distrito Naval da Marinha do Brasil, o nível do rio Paraguai hoje (05.10.07) em Ladário está em 1,62 metros. “Desde o início da semana passada a diminuição diária oscilou entre 2 e 7 centímetros”, afirma.

Segundo ela, uma das atividades que sofre o impacto da diminuição acentuada do nível do rio é a navegação. “Grandes embarcações responsáveis pelo transporte de cargas, como o minério, diminuem a carga quando o nível do rio está em tais condições, podendo assim ocasionar prejuízos ao setor”, salienta Márcia.

A pecuária também pode sofrer os efeitos da seca no Pantanal, especialmente se o manejo utilizado não for o adequado às características do Pantanal, é o alerta da pesquisadora da Embrapa Pantanal, Sandra Santos. Ela explica que neste ano hidrológico (out/2006 a set/2007), ocorreu concentração de chuvas nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro o que ocasionou cheia mais intensa nas partes mais baixas de várias fazendas, fato que não ocorria há muitos anos, restando apenas as partes mais elevadas e livres de inundação, com presença de forrageiras de média a baixa qualidade. “Nestas situações, a taxa de lotação diminui consideravelmente e as fazendas que tinham estabelecido a taxa de lotação em função das pastagens disponíveis nos anos anteriores secos, vão ter sérios problemas de redução na produtividade e dependendo do caso, morte de animais devido a desnutrição”, completa a pesquisadora.

Entretanto, Sandra explica que existem inúmeras alternativas de manejo e estratégias de tomada de decisão que podem viabilizar o sucesso da atividade pecuária no Pantanal, devido aos ciclos de cheia e seca. “Pode-se optar por vedar algumas áreas de pastagens livres de inundação juntamente com o fornecimento de suplemento de nitrogênio não protéico (fonte de proteína); vender animais de descarte, realizar desmame precoce, entre outras práticas” Ela chama atenção para a importância do manejo adequado das pastagens, pois “se uma alta taxa de lotação for mantida, os animais perderão peso durante a cheia e com o abaixamento das águas não haverá forrageiras em quantidade suficientes, agravando ainda mais a perda de condição corporal, principalmente de vacas de cria que dificilmente, nesta condição, apresentaram cio fértil. Outro fator agravante será o superpastejo das forrageiras sobreviventes à inundação e à seca, que prejudicará a recuperação das pastagens e pior, as pastagens podem tornar-se degradadas e mesmo com vedação posterior, estas levarão anos para recuperar”, esclarece a pesquisadora.

Fonte: Christiane Rodrigues Congro Bertoldi – MTb/SC 825
congro@cpap.embrapa.br

COLUNISTA

Embrapa Pantanal

embrapa@portalbonito.com.br

Embrapa Pantanal, Coluna de publicação de artigos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias do Pantanal.

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