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quinta, 26 de agosto de 2010

Produção do composto orgânico

Por: Frederico Olivieri Lisita,
Marcos Tadeu Borges Daniel Araújo

Compostagem é um processo biológico de transformação de resíduos orgânicos como palhadas, estercos, restos de alimentos, em substâncias húmicas, isto é, em matéria orgânica homogênea e estabilizada, de cor escura e rica em partículas coloidais. Pronta para ser utilizada como composto orgânico. Sua aplicação melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, configurando-se numa alternativa simples e de baixo custo para ser utilizada em diversas culturas.

O composto orgânico deve possuir as seguintes características, conforme os cinco itens abaixo: (fonte: MAPA, 2005)

1. Matéria orgânica total, com valor = Mínimo de 40%, com tolerância = Menos 10%;
2. Nitrogênio total, com valor = Mínimo de 1,0%, com tolerância = Menos 10%;
3. Umidade, com valor =  Máximo de 10%, com tolerância = Mais 10%;
4. Relação C/N = com valor = Máximo de 18/1, com tolerância = 21/1; e
5. Índice de pH = com valor = Mínimo de 6,0, com tolerância = Menos 10%.

No composto, devem estar ausentes as seguintes substâncias: agentes fitotóxicos, agentes patogênicos ao homem, aos animais e às plantas; metais pesados; agentes poluentes; pragas e ervas daninhas.

A utilização de composteiras é recomendada para produção de composto orgânico em pequena escala, com volumes de resíduos de até 1m3. Para quantidades maiores torna-se mais viável montar pilhas diretamente sobre o solo.

A Embrapa Pantanal produz mensalmente 1m³ de composto orgânico, em uma composteira de alvenaria com três câmaras de 1m³. O processo dura cerca de 90 dias e as matérias-primas mais utilizadas são folhas de bananeira, esterco bovino, resíduos de jardins (galhos podados e grama cortada) e uma planta aquática conhecida como orelha-de-onça (Salvinia auriculata Aubl.), cultivada em espelhos d’água da Unidade.

O primeiro passo da produção do composto é encher a composteira com os resíduos orgânicos, numa proporção de três quartos em volume de restos vegetais por um quarto de estercos ou outros meios de fermentação, que devem ser bem misturados na própria composteira. Caso os resíduos vegetais estejam secos, faz-se necessário irrigar sem, contudo, encharcar.

Na primeira semana, recomenda-se revolver o material todos os dias e, após este período revolvê-lo semanalmente, ou quando houver mal-cheiro. A irrigação do material se faz necessária sempre que sua umidade estiver baixa. Na prática ao apertá-lo entre os dedos ele deve soltar água como uma esponja que já foi espremida antes.

Após 30 dias muda-se o material para a segunda câmara e adiciona-se novo material na primeira; aos 60 dias, o que está na segunda vai para a terceira, o que está na primeira para a segunda e se abastece a primeira novamente. Esse procedimento tem duas vantagens: produção mensal de quantidade fixa de composto; o material residual da transferência de uma câmara para outra é rico em microorganismos e funciona como inoculante para novos resíduos vegetais.

No máximo em noventa dias o composto orgânico estará pronto. Pode ser aplicado diretamente sobre o solo ou incorporado. O mesmo pode ser usado próximo à sementes, mudas ou plantas adultas por não causar nenhum problema.

Plantas aquáticas flutuantes, como: espécies de camalotes ou aguapés (Eichornia spp. e Limnocharis ssp.), camalotinho (Pontederia ssp.); orelhas-de-onça (Salvinia spp e Phyllantus fuitan Muell. Arg.), alface d’água (Pisitia stratiotes L.) e azola (Azolla spp.), encontradas em abundância nos corpos d’água da região pantaneira, são excelentes substratos para fabricação do composto.
Como exposto, a fabricação e utilização do composto orgânico é muito simples e de baixo custo, principalmente na região do Pantanal onde há abundância de esterco bovino e plantas aquáticas, se configurando numa excelente alternativa para agricultores familiares e funcionários de fazendas que cultivam hortaliças, pomares e lavouras de subsistência.

Frederico Olivieri Lisita (lisita@cpap.embrapa.br) é pesquisador da Embrapa Pantanal e mestre em Administração Rural/Desenvolvimento. Marcos Tadeu Borges Daniel Araújo (marcost@cpap.embrapa.br) é Técnico em Agropecuária da Embrapa Pantanal e licenciado em História.

COLUNISTA

Embrapa Pantanal

embrapa@portalbonito.com.br

Embrapa Pantanal, Coluna de publicação de artigos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias do Pantanal.

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