Bonito teve um "sonho realizado" na sexta-feira, 3 de abril. A afirmação do prefeito do município José Arthur é sobre o primeiro de muitos voos regulares com itinerário Campo Grande/Bonito/Campo Grande. A equipe de reportagem do Midiamax esteve na cidade para a cobertura de todo o cerimonial que reuniu boa parte dos comerciantes, políticos e investidores na área de turismo ecológico e de eventos.

O fator fundamental para que a Trip disponibilizasse as linhas regulares, por enquanto em dois dias da semana (quintas e domingos) foi o meio ambiente e a grande oferta de "aparelhos para o ecoturismo que atraem diversas pessoas", segundo o próprio presidente da companhia aérea, José Mário Caprioli.

Nossa equipe de reportagem conversou com diversos empresários e artistas ligados ao setor no município. Pudemos observar que os esforços para tornar Bonito é alvo de investidores que visam lucro a partir da exploração [no sentido comercial da palavra apenas] das belezas naturais, mas também é casa de pessoas apaixonadas pelo chão onde nasceram e que pretendem colocar a cidade cada vez mais visível no cenário mundial e melhorar a qualidade de vida da população local.

Dois projetos atraem a atenção de curiosos. Naquela sexta tão comemorada, um homem com uma jiboia nos ombros assustava, mesmo sem querer, as pessoas que foram ao aeroporto saldar a chegada dos primeiros a desembarcarem em um voo homologado na cidade. Mais tarde, no almoço oferecido às autoridades e imprensa no centro de convenções, "rosas de Sharon" feitas em alumínio faziam brilhar os olhos admirados dos presentes.

Projeto Jiboia

Há quase uma década, Henrique Naufal começou a expor suas jiboias às pessoas em sua casa. "Hoje são treze e uma piton", conta. O projeto tem como principal objetivo a desmistificação das serpentes não peçonhentas, assim como um trabalho de educação ambiental visando a diminuição da matança indiscriminada delas na natureza e a criação de exemplares em cativeiro para suprir o mercado de animais de estimação evitando a coleta no meio ambiente.

"Fazemos isso através da informação e do contato e, assim, fazer com que as pessoas passem a respeitar este animal como parte importante do equilíbrio no ecossistema onde estão", diz Henrique.

O projeto tem parceiras com as catorze escolas urbanas e rurais (públicas e particulares) do município. "Nós fazemos um trabalho com as crianças importante. Quem é das escolas e quem é da cidade não paga absolutamente nada para observar os animais. Quem é turista, paga R$ 15,00. As apresentações são na minha casa mesmo. O projeto é de iniciativa privada, mas com cunho social, que se sustenta através da visitação turística e trabalha de graça para a população local".

Entre os famosos do meio artístico que já conheceram as agora também famosas jiboias, estão Priscila Fantin, Fernanda Abreu, Mara Manzan e André Gonçalves.

Projeto Flor de Lata

Começou na Capital, e agora com um pé em Bonito. A ideia é que pessoas de baixa renda confeccionem objetos com latas de alumínio. O principal objeto é a "rosa de Sharon". Sharon é uma região da Palestina, o formato das rosas que seriam de lá, segundo a crença religiosa, seria do coração de Cristo. Diz a história bíblica que após os judeus mudarem para uma terra prometida, ela se tornou fértil, a partir daí eles plantaram essas rosas como agradecimento. Foram escolhidas por simbolizar a beleza e a perfeição dentro de um contexto bíblico. Essa flor é considerada símbolo do amor e do belo.

O projeto busca gerar emprego e renda a famílias de baixo poder aquisitivo. Em Bonito, o artesão Manão é o professor. "Nós estamos nisto há três anos. E sempre nos mantendo sem a ajuda do governo. Agora estamos junto com este projeto, o Flor de Lata. Queremos mostrar que é possível promover renda sem precisar de ajuda do governo. Não é frescura é uma ideologia. Mas nós conseguimos. São cerca de quarenta pessoas que muitas não sabem nem ler nem escrever, mas conseguem fazer isto. E não é só enfeite, se você for observar é uma luminária e ilumina de forma suave, que dá até para dormir", diz o artesão.