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quinta, 26 de agosto de 2010

Água - Parte 23

ÁGUA  -  No princípio e no fim
Série ÁGUA – Parte 23

Helcias Bernardo de Pádua
Biólogo – CFBio 00683.01/D
helcias@portalbonito.com.br
11-9568.0621

No ano de 2005, no início do século 21, no princípio do 3º milênio, dentro da discutida e atual globalização, com viagens e experimentos cósmicas, pós ida à Lua e respectiva volta, seguindo-se novos e contínuos percursos ao redor da Terra em naves tripuladas ou não, além de poder se comunicar via Internet, o homem moderno, em geral, ainda não percebeu, ou só agora começa a perceber, que a água é um bem finito. Ela esta perdendo suas características de pureza natural, sendo disputada, tornando-se rara em locais aonde outrora era abundante e com altíssima qualidade.

Em artigos escritos para o Jornal ABAS – Assoc. Bras. de Águas Subterrâneas, o Prof. Geól. Aldo Rebouças, vem  alertando, discutindo e mostrando ações para o “Uso Inteligente da Água” e discursando sobre os caminhos do mercado global, assim: “- na virada do primeiro para o segundo milênio, os povos  do mundo, em geral, e do continente europeu, em particular, enfrentaram um grande desafia de globalização; naquela época, o lenitivo principal era representado pela adesão ao cristianismo – dos reis, aos nobres e dos povos  - como forma de consolidar os territórios, ampliar os poderes, estabelecer relações internacionais; na virada deste segundo para o terceiro milênio, que ora  experimentamos, novamente os povos do mundo enfrentam um novo desafio de globalização; desta vez, o lenitivo são os mercados globais, para cuja participação exige-se o atendimento a padrões universais: de eficiência, de qualidade do produto que é ofertado e de respeitos ao ambiente – meio físico, biótico e antrópico, ou seja, de respeito à  ética, economia e ecologia, cunhando-se o conceito de desenvolvimento sustentado ou sustentável.”.

O mesmo autor, continua: “a água, no caso referindo-se sobre a água subterrânea, desponta como um fator competitivo do mercado, não  por se tratar do recurso de água doce, relativamente mais abundante e  acessível aos meios técnicos e econômicos disponíveis mas, sobretudo, pelo fato de apresentar boa qualidade natural, dispensando, (por enquanto), os caros processos de tratamento no caso de utilização das águas dos rios, lagos, açudes e similares”. Porém,  Rebouças ainda alerta que: “ perímetros de proteção de poços são instrumentos de gerenciamento, porque se tem 5 ou 15 anos para evitar-se que o agente de contaminação que foi detectado no monitor em questão atinja o poço de produção de água”. (Rebouças, 2004).

Atualmente, “cerca de 90% da população mundial tem acesso à água limpa para beber e 80% com  direito à sistemas de coleta e tratamentos do esgoto doméstico nas cidades, porém somente nos países com o PIB per capita superior a 20 mil dólares. O Brasil apresenta o PIB médio per capita de apenas 3 mil dólares, portanto fora desse resultado, digamos assim positivo, do saneamento básico nos países membros da ONU”, segundo Rebouças op cit. 

Em GÊNESIS, lê-se: “- O espirito de Deus vagava sobre as águas. Ainda não havia luz, só trevas, nem calor, nem vida, nem emoção. A terra, sem forma e vazia”. Então, só existia um único elemento, a água que se movimentava. Com o céu e a terra criados, mas sem vida, ocupando dois extremos. A luz veio logo depois, refletindo na superfície da água, servindo como espelho, (d’água), da imagem suprema, o CRIADOR.  E ai nasce o fogo, ente mortal,  disputando com a água fértil e purificadora. Os dois se entrelaçam. Aí a água perde, evapora, sobe, acumula-se e em seguida volta como chuva, retornando como “ente divino”, vindo do Céu, lavando, purificando, fazendo brotar, suprindo a terra, abençoando-a, (baseado em: Bentancur et al).

Contemplemos a beleza da água, da fonte que jorra, do pássaro que canta, da árvore que cresce, do homem que a enobrece, e pensemos nela.. Se um dia nos faltar a água, a luz e a vida, não coloquemos a culpa em Deus!. Aparecida/SP, 2005

Nas Escrituras Sagradas, lê-se: - Durante o dilúvio, Deus lavou os pecados do mundo, inundando-o, mas fazendo preservar exemplares, amostras das suas criações. No batismo, purifica-se a sua maior criação, o homem, na pia batismal ou imergindo-o às águas, como fez João Batista, fazendo com que Deus o acolha no seu seio de pai eterno. Na Índia, continua a ter-se banhos sagrados e ritualísticos, com multidões, nas águas do rio Ganges. Gandhi, lider social e político que vivei e lutou pela igualdade e respeito, entre os séculos 19 e 20, dizia que: - “há água suficiente no mundo para atender a todas as necessidades da humanidade”.

Lembro-me quando criança, na “5ª feira santa” do catolicismo, íamos contentes, orgulhosos, logo pela manhã, lavar a igreja (Santa Teresa de Jesus/Itaim Bibi-SP), e a noite,  respeitosamente, vestíamos de apóstolos de Cristo e compenetrados da figura que representávamos, deixava-nos lavar, com água, os pés, sendo então abençoados na cerimonia do “lava-pés”. É,  sou da época da “emulsão ou óleo de fígado de bacalhau, com gosto de óleo de peixe; hoje em  dia  tem  sabor de  uma  fruta”, (Pádua, 2005).

Vejamos, para o índio por nós taxado como aculturado, o rio com seu líquido precioso era ou é sagrado, principalmente das nascentes, assegurando a vida, a pesca, a caça, o alimento, saciando a sede , e  oferecendo beleza e contemplação. Já o explorador  classificado por nós como  civilizado, ao vê-lo achou primeiro que ele, o rio, era uma via natural de acesso para outros locais, com recursos disponíveis ao uso contínuo, fonte de alimento fácil, bastando pescar, comer e retornar, desprezando-o já com resíduos, tornando-o imundo, fétido, portanto podendo continuar recebendo o que não mais o interessava, isso além de vê-lo como valioso material, fonte inesgotável para obtenção de energia, podendo mover suas máquinas e turbinas que iluminam suas cidades.

Em um desses últimos dias, numa tarde  nublada, muito fria e com  vento  assobiando na janela do ônibus que me trazia de volta à São Paulo, após ter ido urgentemente atender, (no dia anterior, este com temperatura maior, antecedido de frio e vento),  mais um caso de “mortandade” de peixe, em uma criação com água doce, num desses municípios de Minas Gerais, tive tempo de pensar: - quando se quer acelerar a deposição de partículas orgânicas ou não, dispersas na massa líquida, duas ações se tornam-se  necessárias e freqüentemente usadas; - a primeira é se fazer lançar o sal grosso, seguido do calcário dolomítico.

O sal grosso funciona, genericamente, como bactericida, fungicida e algicida, portanto eliminando nocividades ou atuações patogênicas e tóxicas de organismos  como  bactérias, fungos e algas. Já o calcário dolomítico. além de diminuir a acidez, aumentando o pH da água, tendendo à faixa de  tamponamento, portanto tornando o sistema aquático, em questão, mais resistente às alterações químicas e biológicas, funciona atraindo e  adsorvendo partículas orgânicas ou de polaridades contrárias. Com isso aumenta-se o peso dessas novas partículas, aglomeradas, que por gravidade sedimentam-se, tornando a água mais límpida e transparente. Simplesmente é isso que acontece, gente.

Pois é, na criação do mundo tem-se os minerais e a água, inicialmente e depois a luz. Só e após isso é que se formaram os organismos, os orgânicos. Não aprofundemos tentando e demonstrando com relatos e teses físicas e químicas esses  fenômenos naturais. Para isso, leiam meus artigos anteriores e posteriores.

Apenas pensemos, ... quando quisermos limpar a água, diminuir a turbidez e sanear, bastaria voltar, “no princípio, Deus criou e juntou...”, procurando assim o equilíbrio entre esses elementos orgânicos e inorgânicos.

No meu batismo fui ungido com sal  na língua e lavado com água na testa, em cima de uma pedra de mármore.

Juro que na primeira parada, ainda na rodoviária de uma cidade  mineira, fui correndo ao banheiro, (mictório), lavei as mãos e o rosto. Depois tomei aquela cerveja quase  gelada e  comi alguns pães de queijo, quentinhos. Hum, que delícia.

Cheguei em SAMPA, espirrando. Mas foi bom!

Eu penso, logo existo.
Estou vivo, logo tenho que comer e beber.

Bibliografia

Aparecida, - Novena da festa de Nossa Senhora Aparecida. Aparecida/SP, edit. Santuário, CTcP., 2005, 48p.

Bentancur, P. -A fonte da inspiração. IN: A magia das águas, edit. Rioceli. Porto Alegre/RS, 1996, 132p.

Pádua, H.B. de, - Interpretação das variáveis físicas, químicas e biológicas, na água. Curso ABES/COMCURSAN,SP/SP. Aula na ABES/SP, maio/2003-2005. helcias@portalbonito.com.br

Rebouças, A – Uso inteligente da água. SP/SP. Escrituras Editora, 2004, 207p.

Rónai, P. – Dicionário universal de citações. RJ/RJ. Ed. Nova Fronteira, 1985

HBPáduaSP ag/set-2005

COLUNISTA

Helcias de Pádua

helcias@portalbonito.com.br

Professor Helcias Bernardo de Pádua, Biólogo-C.F.Bio 00683-01/D; Conferencista em "Qualidade das águas"; Especialista em Biotecnologia-C.R.Bio 01; Analista Clínico - Hosp.Clínicas SP; Professor de Biologia e Ciências-L-94.718-DR 5 - MEC, desde 1975; Consultor, professor e colunista; Memorista-AGMIB/Assoc. Grupo de Mem. do Itaim Bibi/SP; Graduando em Jornalismo/FaPCom

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