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quinta, 26 de agosto de 2010

Água - Parte XVIII (continuação a)

Águas oligohalinas
(não são águas doces)
Minerais nos organismos
Parte XVIII - continuação(a)
Helcias Bernardo de Pádua - C.F.Bio:00683.01/D  -
tel.:011-9568.0621 -
helcias@portalbonito.com.br  -mrç/2005

É gostar de ir aonde ninguém for
Ir  até que um dia  chegue, ... em fim
(Sonho de Ícaro – Biafra) - é como ele canta
 - é como eu faço-hbpádua

“A afirmação de  que o surgimento do ser vivo está diretamente relacionada aos minerais, isto é, os minerais deram origem aos seres vivos, a cada dia torna-se mais clara e confirma os ensinamentos bíblicos”: -  “ Tu  és  pó  e  a  pó  tornarás!" .

• O Geól. Solon B. Barreto, no seu artigo, “ Os minerais, os alimentos, o pH do sangue
e a saúde do homem”, (Arapiraca, 2003), aposta na sentença acima, e ainda afirma, continuando o artigo:
 
O mineral é a base, o início de tudo; veja: - na clorofila, encontrada nos vegetais, compondo sua molécula existe um átomo mineral, o magnésio-Mg; - no sangue dos animais, fazendo parte da molécula da hemoglobina encontramos o elemento mineral ferro-Fe.

 Na estrutura das moléculas das vitaminas sempre tem algum  mineral, por exemplo: na vitamina B-12 encontra-se um átomo de cobalto-Co; na riboflavina ou vitamina B-2 encontra-se o mineral fósforo-P; as vitaminas do complexo B sempre estão ligadas ao fósforo ou ao pirofosfato; a vitamina D está ligada ao cálcio-Ca..

Grande parte das substâncias orgânicas conhecidas, mostra em sua estrutura um átomo de algum mineral.
 
O solo e a água

Os alimentos têm sua origem no solo. O solo vem sofrendo várias agressões e por isso fica desequilibrado, doente. Um desequilíbrio freqüentemente encontrado é a acidez do solo, responsável por grandes prejuízos para o agricultor e em seqüência, ao homem..

A acidez do solo, ou o pH baixo do solo faz com que a planta deixe de absorver determinados minerais e por isso, aparecem doenças nas plantas. Para corrigir a acidez do solo, isto é, elevar o pH para deixá-lo próximo da normalidade que é  de 6,5 a 7,0  usa-se o calcário como corretivo de solo, ou farinhas de rocha, ricas em minerais, que além de corrigir a acidez, fornece nutrientes minerais restituidores da saúde do solo.

Então, numa interdependência, para que um produto esteja equilibrado, sadio, em condições de servir de alimento, o solo que o produziu, teria que ter um pH ideal, caso contrário, os minerais necessários para dar saúde àquele alimento não seriam absorvidos..

Um outro meio que poderia ser utilizado para diminuir a  acidez dos solos, além dos calcários, seria o uso de uma água oligohalina, (baixa, pouca salinidade-elementos minerais), fazendo mais rapidamente essa recuperação (correção), fornecendo nutrientes valiosos para a saúde das plantas, dos animais e do homem; porém, o método ainda necessita ser mais estudado para ser colocado em prática. Nesse nosso mundo tudo tem jeito, tudo é dependente.
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“Se não cria, se corrige, copia, ... já dizia o velho guerreiro, A. Barbosa (Chacrinha)”

Águas oligohalinas e mesohalinas

* segundo a literatura:
- “águas oligohalinas” possuem níveis de salinidade entre 0,5 e 0,6 ppt ou S‰”
- águas com salinidade entre 0,7 até 18 S‰ (ppt–parts per thousand = partes por mil) são chamadas de “mesohalinas”

Erroneamente muitos têm se referido a “águas oligohalinas” como sendo “água doce”, pelo fato destas serem, em alguns casos, adequadas ao consumo humano ou por possuírem níveis de salinidade tão baixos e até então não detectáveis por refratômetros manuais, aparelhos que medem a salinidade, (Nunes, A J. P.,2001). As genericamente chamadas de “águas salobras-oligohalinas e mesohalinas” são também mais “tamponadas” do que a água doce.

- Ainda mais, a partir das  “águas  oligohalinas” apresentam-se dureza e alcalinidade pouco mais elevada em relação a “água doce”, portanto tais diferenças não devem ser desprezadas em qualquer estudo hidrológico e/ou hidrobiológico. Vemos que em  “regiões semi-áridas”, geralmente há uma alta concentração de íons em água doce devido as elevadas taxas de evaporação, causando um aumento na sua alcalinidade.

- Em especial, regiões que suas águas recebam contribuições de um solo calcítico-dolomítico, (Serra da Bodoquena,MS), etc.), durante o seu percurso ou mesmo em contenção mais externa ou subterrânea, essas diferenças físicas e químicas devem ser consideradas, visto perceber-se claramente comportamentos nos processos biogeoquímicos diferenciados quando comparados com os de água doce. Determinações quanto as  variáveis salinidade e/ou condutividade, série de nitrogênio, série de alcalinidade e de dureza das mesmas deverão ser incluídas em estudos relativos à sua caracterização.
 
Na bibliografia científica vê-se que ...

1. o adjetivo relacionado com a salinidade é halino, uma vez que a maior parte do sal (comparado com o encontrado na água do mar) é o cloreto de sódio-NaCl, portanto, um sal derivado de um halogênio, o que não impede que possa ser usado também como adjetivo para águas com alguma salinidade, mesmo baixa 

- ao contrário das águas salobras em geral e salgadas,  as “águas oligohalinas” (continentais), podem ser limitadas ao  Ca+ e Mg2+

- “solos  argilosos ou siltrosos”  também contêm uma alta quantidade de carbonato de cálcio ao contrário dos solos arenosos

- dependendo logicamente  da concentração de sais de cálcio/magnésio, as águas oriundas de solos calcíticos também devem ser enquadradas sensorialmente, (até pelo gosto), como  “salobras”

- a água salobra é àquela que tem mais sais dissolvidos que a água doce, mas menos que a água do mar

- a “água doce” possui uma concentração muito mais baixa dos sais, quando comparada a  “água oligohalina”
 
- teoricamente, considera-se água salobra a que possui entre 0,5 e 30 S‰, (.../1000 = gramas de sal por litro. sendo típica dos estuários e resulta da mistura da água do rio correspondente com a água do mar, mas também se encontra água salobra de origem fóssil, em certos aqüíferos associados a rochas salinas

- a "água doce" pode ter uma salinidade entre 0 até 0,5 S‰, partes por mil (partes/1000); - no entanto, esta "salinidade" pode ser devida a compostos químicos muito diferentes  dos encontrados nos estuários e na água do mar

2. a salinidade é a medida da quantidade de sais existentes em massas de água naturais - um oceano, um lago, um estuário ou adquirida no percurso de um aqüífero

- pode-se encontrar diferentes concentrações de sais (elementos minerais),  para um mesmo aqüífero, dependendo do local, do tempo de contenção , da profundidade e do percurso da água nos diferentes e possíveis solos; neste caso pode-se ter além das durezas e alcalinidades diferentes, características sensorias/organolépticas também diferentes, além das temperaturas  

- a salinidade de uma amostra d’água é expressa em partes por mil (ppt) ou gramas por litro (g/l), ou mesmo (S‰), medindo a quantidade total de sais inorgânicos na água, principalmente cloretos (Cl-), sódio (Na+), sulfato (SO4), magnésio (Mg2+), cálcio (Ca+) e potássio (K+)

- numa maneira ideal, a salinidade deveria se a soma de todos os sais dissolvidos em gramas por cada quilograma de água, mas na prática, isso é uma coisa difícil de medir; obs.: a água com sais contem também gases, substâncias orgânicas e material particulado

- na verdade, a salinidade é uma grandeza física adimensional por ser a relação proporcional entre outras grandezas, (condutividade, pressão, temperatura, volume, sólidos dissolvidos, etc.) por esta razão usualmente designavam-se os valores de salinidades em termos de partes por mil ou “ppt – parts per thousand” ; - tradicionalmente, a salinidade era expressa em "partes-por-mil" ou o/oo - x gramas de sal em um litro (1000ml) de água,

- no entanto, com as novas técnicas de medição, fundamentalmente eletrónicas e digitais, ou seja, medindo a condutividade de uma amostra de água, em comparação com um padrão, considera-se que a salinidade não deve ser expressa em unidades de medida, mas sim como um simples fator quantitativo, ou seja, 0,0; 0,5; 1,0; 30,0 e 35,0 de salinidade, por exemplo

- com a mudança da definição de salinidade, quando se analisa a relação entre a condutividade da água e à de uma solução balanceada de cloreto de potássio, pode-se estabelecer uma relação definitiva entre a condutividade da água e a sua salinidade, chamada Escala Prática de Salinidades(EPS ou “PSS – Practical Salinity Scale”), sendo deste modo os valores de salinidade designados em termos de valores EPS ou PSS,  (p.ex.: 0,0 EPS; ...; 35,0 EPS)

3. a salinidade de uma amostra d’água pode ser apontada também com apresentação de teor de sólidos totais dissolvidos (STD); a literatura considera como água doce com o teor de sólidos totais dissolvidos  inferior a 1000 mg/l STD.(1,0‰); salobra, com STD entre 1000 e 10.000 mg/l; água salgada, com mais 10.000 mg/l de STD

Volume de água na Terra
(e quanto é necessário só para uso particular do homem)

A quantidade total de água na Terra é distribuída da seguinte maneira:

- 97,5% de oceanos e mares (água salgada)
- 2,5% de água doce, sendo que dessa pequena porção tem-se cerca de 68,9% formando as calotas polares, geleiras e neves eternas que cobrem os cumes das montanhas altas da Terra, e os 29,9% constituindo as águas subterrâneas, além dos 1,2% respondendo pela umidade do solo e pela água das crostas e dos pântanos.

- Seg. OPS-Org.Pan-americana de Saúde,/Rev. Perspectivas de Salud),  à cada dia um indivíduo necessita de 189 litros de água  para atender o ideal das suas necessidades gerais de consumo, higiene e para  preparo de  alimentos e usando no mínimo 50 litros d’água/dia, em tudo. Em média, cada pessoa necessitaria o ideal de 87000 litros durante toda a sua vida, e cerca de 1325 litros/ano só para beber, (mais de 3 litros/dia).

• Bibliografia: consultar parte XX – Série  ÁGUA
e. t.:
- Aguardando a hora do vôo, em um desses aeroportos brasileiros, li um artigo de Beatriz Coelho Silva (Caderno 2/Cultura –JrOESP;02/01/05) e muito rapidamente, entre curioso e surpreso,  procurei na livraria próxima os dois livros então comentados: - Enciclopédia Brasileira da Diáspora Negra, Selo Negro, de Nei Lopes, advogado, sambista e radical militante negro; e O Negro na  Fotografia Brasileira do Século XIX, Casa Editorial, de George Ermakoff,  descendente de russos, empresário e presidente do Sindicato das Empresas de Aviação. Tais livros apontam para a não correspondência dos fatos reais, omitidos pela história oficial, sobre a grandiosa herança cultural deixada pelos africanos trazidos como escravos para as Américas, em especial para o Brasil. “Como uma criança negra ou mestiça terá auto-estima se sua história não é contada e os personagens de sua raça nunca aparecem ou se estão nos livros sempre com referências negativas. ...sabe-se mais  e estuda-se muito a diáspora judia e quase nada da africana, muito mais intensa e numerosa e com reflexos muito mais  amplos.” completa N. Lopes. Já G. Ermakoff comenta que, “havia também fotógrafos especializados em negros, vendendo seus trabalhos na Europa, como curiosidade exótica”. ...mas há também fotos mostrando a dignidade e a importância dos negros, além da reprodução de polêmicas sobre a questão racial que aconteciam na imprensa da época, como a briga de José do Patrocínio com Ruy Barbosa”
- Procurem ler os dois livros, aparentemente antagônicos, porém reforçando o conhecimento e a influência da cultura dos negros na formação da então nova  sociedade e a divulgação, na época, das práticas da terra brasileira  no continente europeu .  É, ... enfim  a História do Brasil esta sendo  recontada. (*) O livro “O negro na fotografia brasileira do século XIX, encontra-se exposto e à venda no Museu AfroBrasil/Pq Ibirapuera-SP/SP- Visitem o museu, vale a pena


01.05pádua-mrç/05

COLUNISTA

Helcias de Pádua

helcias@portalbonito.com.br

Professor Helcias Bernardo de Pádua, Biólogo-C.F.Bio 00683-01/D; Conferencista em "Qualidade das águas"; Especialista em Biotecnologia-C.R.Bio 01; Analista Clínico - Hosp.Clínicas SP; Professor de Biologia e Ciências-L-94.718-DR 5 - MEC, desde 1975; Consultor, professor e colunista; Memorista-AGMIB/Assoc. Grupo de Mem. do Itaim Bibi/SP; Graduando em Jornalismo/FaPCom

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