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quarta, 04 de junho de 2008

Florestinha: gerações futuras preocupadas com a natureza

MS Notícias

Desde 1992, o governo de Mato Grosso do Sul desenvolve uma iniciativa exemplar na área de educação sócio-ambiental: o Projeto Florestinha, que ensina crianças e jovens de 7 a 16 anos a serem cidadãos com consciência ambiental.

O trabalho é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência Social e Economia Solidária (Setass), Secretaria de Estado de Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (Semac) e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), através da Polícia Militar Ambiental (PMA).

Os alunos, em sua maioria, são de origem humilde e em situação de vulnerabilidade social, que se candidatam voluntariamente ou são indicados pelas escolas para integrar o projeto.

Hoje (4), às 9 horas, as crianças integrantes do Projeto Florestinha receberão o prêmio Ecologia, oferecido pela Câmara Municipal de Campo Grande a instituições que se destacam na área ambiental. Na ocasião será apresentado o teatro de fantoches, utilizado em ações de educação ambiental pelo grupo.

Projeto

Em Corumbá, Três Lagoas, Bataguassu e Bonito, o projeto é desenvolvido em conjunto com as respectivas prefeituras, sendo aprovado pelas sociedades locais. Tanto que, em Bonito - principal pólo turístico do Estado - foi fundada a "Praça do Florestinha", localizada na avenida principal da cidade, onde há uma estátua de bronze de uma criança fardada. Em Três Lagoas e Bataguassu, meninas também fazem parte do projeto.

Na capital, são 50 meninos na faixa etária de 12 a 15 anos, que nas tardes de segunda a sexta-feira, saem das escolas onde estudam e se dirigem ao Parque Estadual das Matas do Segredo, unidade de conservação ambiental estadual localizada na área urbana de Campo Grande, onde fica a sede do projeto Florestinha.

Rotina disciplinar

Ao chegarem à sede, os "soldados" entram em formação, hasteiam a bandeira nacional e almoçam. Em seguida, têm aulas de reforço escolar com três professores da rede estadual de ensino. Depois fazem um lanche e seguem para aulas práticas de educação ambiental com os guardas-parque. O coordenador do projeto Patrulha Florestinha, soldado Éder Dias Cassani, da PMA, conta que os alunos novos chegam imaginando que tudo é uma grande brincadeira mas, aos poucos, vão tomando consciência do valor do aprendizado que adquirem no local.

"Eles passam por um regime disciplinar militar, aprendendo os valores morais e éticos da sociedade e, de acordo com o comportamento, adquirem patentes militares tal como nas corporações militares", diz o coordenador dos "florestinhas", como são carinhosamente chamados.

Elvis Rodrigues Trelha, de 15 anos, é um exemplo. O jovem está no projeto há três anos e já alcançou o posto de sargento, dando ordens de formação e estabelecendo normas para determinadas atividades, tudo sob a supervisão do soldado Cassani, da PMA. "Um amigo me chamou para participar há alguns anos, dizendo que era muito legal. Eu vim e gostei muito, enquanto ele desistiu. Acho muito importante o projeto, pois aprendemos sobre a biodiversidade, temos noções de preservação ambiental, aulas de espanhol e de educação física. Se não estivesse aqui, estaria em casa assistindo televisão, de pernas pro ar", relata o sargento de 15 anos.

As aulas de educação ambiental são as preferidas dos garotos. Eles entram em formação de fila indiana e têm as normas na ponta da língua: ao adentrar na mata, o silêncio deve predominar, por respeito ao habitat dos animais e para os avistamentos da fauna, que não são raros, muitas vezes de ofídios, mamíferos e aves.

A flora do cerrado também é velha conhecida dos garotos, que sabem muito bem a localização de jequitibás, aroeiras, jatobás e copaíbas, além de revelarem conhecimento sobre ervas medicinais. Nos 180 hectares do parque, existem 33 vertentes que formam a nascente do córrego Segredo - um dos principais que cortam a capital sul-mato-grossense - e que não são visitadas sempre, por serem trechos de conservação permanente.

Muitas vezes, devido à idade dos meninos, as ordens não são obedecidas e, nesses casos, as advertências não podem ocorrer freqüentemente. "Temos psicólogas e assistentes sociais que conversam com todos os integrantes, além de reuniões periódicas com os pais deles. Existe também um contato direto com as escolas onde eles estudam, de forma que o boletim escolar com notas boas é fundamental para a permanência dos meninos no projeto", explica Cassani.

Ao atingirem 16 anos, os rapazes são encaminhados ao mercado de trabalho através de outros projetos de integração social do governo e das prefeituras, além de parcerias com empresas privadas.

Ações educativas

Ao longo do ano, os alunos participam de atividades de divulgação das noções de preservação ambiental, realizando panfletagem, participando de blitze educativas e apresentando teatro de fantoches, com uma peça teatral que trata dos perigos causados pelo fogo em áreas de floresta.

Nos meses alusivos a datas ambientais, como o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho) e o Dia da Árvore (21 de setembro), os jovens difundem o aprendizado para alunos de outras escolas, através de plantios de mudas nativas e palestras.

O capitão Ednilson Queiroz, chefe de comunicação da PMA, relata que o trabalho de difusão do aprendizado tem tido grande retorno junto à população, pela sensibilização da causa do meio ambiente. "Temos percebido uma diminuição considerável das infrações ambientais, que é nosso principal objetivo", declara.

"A sensibilização das gerações futuras é a melhor forma de se evitar a degradação dos recursos naturais e os florestinhas serão agentes difusores de tudo o que aprenderam ao longo de suas vidas", finaliza o capitão Ednilson.

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