quarta, 21 de maio de 2008
Projeto GEF Rio Formoso
O projeto GEF Rio Formoso, junto com a Comissão Estadual de Produção Orgânica - Cporg-MS e o escritório da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) de Bonito e promove no próximo dia 28, em Bonito, palestras sobre a produção de alimentos orgânicos. O evento é parte da Semana Nacional do Alimento Orgânico realizada em todos os estados brasileiros.
O público alvo da atividade é a classe produtora e os envolvidos direta e indiretamente com o turismo no município. "Queremos iniciar a discussão entre estas classes para que o turismo de Bonito ganhe mais um valor agregado", disse o engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Pantanal (Corumbá/MS) Alberto Feiden. Segundo ele, este tipo de promoção turística já é realizada em vários lugares, sendo que na Croácia se tornou um projeto Nacional para atrair turistas para o país.
Os alimentos orgânicos se caracterizam não apenas pelo não uso de agrotóxicos e adubos químicos, mas também por tentar imitar a natureza para a produção. "Na agricultura convencional usamos a química para combater qualquer praga que diminua a produtividade da cultura. Na orgânica, tentamos equilibrar o sistema com o controle de pragas feito com predadores naturais", explica o pesquisador.
De acordo com o coordenador técnico local do GEF Rio Formoso e engenheiro agrônomo da Agraer, Airton Garcez, a agroecologia em Bonito vem sendo estimulada já há algum tempo. Ele cita como exemplos alguns produtos da Feira do Produtor, hortas orgânicas no entorno da cidade e ações desenvolvidas pela Agraer desde 2002.
"Estamos em fase de transição com alguns produtores locais desde esta época. Temos trabalhos com o assentamento Santa Lucia, com o projeto Pé da Serra e no início dos trabalhos lá, com produtos derivados de cana de açúcar e frutos do cerrado plantados organicamente. Também estamos inserindo sistemas agroflorestais (SAF's) em algumas propriedades no rio Mimoso e no assentamento", relata Garcez.
A produção de alimentos orgânicos é possível tanto em pequenas propriedades como em grandes áreas. A diferença é que nesta última o custo gerencial aumenta, pois é necessário mão de obra especializada e em maior quantidade.
Ainda são poucos os estudos que comparem alimentos convencionais e orgânicos com relação à qualidade. Na maior parte dos casos, os primeiros são maiores e mais vistosos, porém possuem mais água e menos matéria seca. Existem produções de orgânicos onde já se alcança o tamanho e a "beleza" dos convencionais. A favor dos orgânicos está o fato destes possuírem nutrientes em forma mais equilibrada, ou seja, mais sais minerais e vitaminas.
A comercialização de produtos orgânicos vem crescendo entre 20 a 50 por cento ao ano, porém ainda é tímida a produção. "Existe uma demanda reprimida muito grande pelo consumo de alimentos orgânicos. É reprimida porque muitas pessoas gostariam de consumir, mas não encontram, e quando encontram seu poder aquisitivo não permite", explica Feiden. Ao mesmo tempo, o produtor muitas vezes não consegue colocar seu produto porque os canais de mercado para os produtos orgânicos ainda precisam ser construídos.
No Brasil, a produção de orgânicos representa menos de um por cento da área agricultável. São 800 mil hectares plantados e dois milhões de hectares com extrativismo orgânico. Isto representa cerca de 15 mil propriedades trabalhando com agricultura orgânica. Mundialmente o índice é semelhante, cerca de um por cento, com 31 milhões de hectares, ou pouco mais de 630 mil propriedades.
Segundo dados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), em 2003 foram comercializados no país R$ 1 bilhão. Segundo a FAO (Organização da ONU para Agricultura e Alimentação), em 2006 os valores movimentados por este tipo de comércio alcançaram a cifra de 40 bilhões de dólares.
GEF Rio Formoso - O projeto financiado pelo Banco Mundial é coordenado pela Embrapa Solos e conta com a participação das unidades Gado de Corte (Campo Grande- MS, coordenadora regional), Agropecuária Oeste (Dourados- MS) e Pantanal (Corumbá-MS).
Também estão envolvidos a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), Secretaria de Estado de Meio Ambiente das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (Semac), Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Conservação Internacional (CI Brasil) e Fundação Cândido Rondon (gestora financeira).
O Projeto possui ainda outros colaboradores e co-executores importantes como a Prefeitura Municipal de Bonito, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o IASB (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena) e apoio técnico e institucional do Ibama.