quinta, 03 de abril de 2008
Mercado e Eventos
"Uma vez recebendo o título de praias inadequadas, é difícil reverter essa imagem", alertou Luis Fernando Sartini Felli, presidente do Instituto Trata Brasil. Felli participou de um evento com jornalistas ontem (02/04), em São Paulo, em que foi apresentado um segundo estudo realizado junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV) chamado Saneamento, Educação, Trabalho e Turismo. O primeiro estudo ligava a questão do saneamento básico somente à saúde, mas a iniciativa de aumentar o escopo revelou dados que comprometem diferentes cadeia produtiva do Brasil.
O turismo, sem dúvida é uma delas. Conforme ressaltou o presidente do instituto, o setor envolve diversos segmentos e funciona como um agregador na questão, chamando a atenção daqueles que têm poder aquisitivo para consumi-lo. Atualmente, a falta de esgoto atinge 53% da população brasileira, incluindo importantes destinos turísticos que atraem estrangeiros. "O Brasil deve pensar como pretende se mostrar ao mundo na Copa de 2014. Não basta investir apenas em aeroportos", apontou.
A pesquisa contemplou as 20 cidades que mais recebem turistas, de acordo com a Embratur, e mais algumas que ajudem a ilustrar a relidade dessas regiões. A maioria delas é litorânea, em que o esgoto é jogado diretamente ao mar, prejudicando a natureza ao redor. "O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinou R$40 bilhões para obras de sanemento, que devem ser usados em parcelas anuais de R$10 bilhões até 2010. Mas isso não significa nada se não há iniciativa", disse Marcelo Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais (CPS) da FGV.
"No entanto, para universalizar o saneamento no país seriam necessários R$ 220 bilhões, aplicados a taxas anuais de R$ 11 bilhões por 20 anos", destacou Raul Pinho, diretor executivo do Trata Brasil. Às prefeituras que tiverem interesse de implentar essas obras, Pinho sugeriu que façam um projeto e pleiteiem junto à Caixa Econômica Federal, que disponibiliza linhas de crédito para isso.
O próximo passo do Instituto é aprofundar os estudos para levantar casos de suscesso, que sirvam de exemplo a outras cidades. Nessa pesquisa, dois grandes projetos já foram avaliados, o Bahia Azul e o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDPG). Dados referentes ao período de 1991 a 2000, mostraram que o primeiro foi muito eficiente, aumentando o acesso à rede de esgoto de 18,84% para 68,42% - uma variação de 263%. Já no segundo, o acesso foi de 47,08% a 64,98%, um aumento de apenas 38%.
"Os problemas de saneamento têm relação direta com a epidemia de dengue que o Rio de Janeiro vive agora", enfatizou Néri. De acordo com ele, entre os dados alarmantes levantados estão a falta de conhecimento e conscientização da sociadade. Nos bairros cariocas da Barra da Tijuca e Jacarapaguá, por exemplo, a população local apontou 70% de satisfação como serviço, porém não há serviço algum sendo realizado ali. "As obras de saneamento básico não aocmpanham o desenvolvimento econômico do país, muito menos o do turismo", analisou o pesquisador da FGV.
O Instituto Trata Brasil é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) voltada à responsabalidade socioambiental. Foi lançado oficialmente em outubro do ano passado e, de acordo com o presidente, novas informações serão reveladas nos próximos meses, inclusive relacionadas ao turismo.