sexta, 21 de março de 2008
MS Notícias
Pesquisa concluída este mês, pela Embrapa Pantanal, Corumbá (MS), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), revela que a maioria dos méis silvestres produzidos na fazenda Nhumirim, no Pantanal da Nhecolândia, no período de 2006 a 2007, apresentaram padrões de qualidade compatíveis com as normas estabelecidas pela legislação em vigor.
O coordenador do projeto e pesquisador da Embrapa Pantanal, Vanderlei dos Reis, explica que esses dados são relevantes, pois foram obtidos através de análises químicas e sensoriais, que reforçam a excelente qualidade do mel silvestre obtido na região. Ele ressalta que a produção apícola na fazenda Nhumirim foi realizada em caráter experimental e que a Embrapa Pantanal não comercializa mel, atuando com ênfase nas pesquisas e na transferência de tecnologia sobre apicultura.
Reis disse que o principal destaque dos parâmetros analisados diz respeito ao baixo teor de umidade encontrado em todas as amostras e explica que esse dado revela o adequado tempo de validade dos produtos obtidos, já que o baixo teor de umidade propicia condição desfavorável ao crescimento de microrganismos que o deteriorariam.
Outro resultado positivo, salientado pelo estudioso, foi o baixo teor de hidroximetilfurfural (HMF), uma substância formada naturalmente, durante o processo de armazenamento do produto, em função da desidratação da frutose do mel, e que pode alterar o valor nutricional desse produto apícola. "Esse dado indica que o transporte e o armazenamento do mel foram conduzidos de forma adequada em relação às condições climáticas da região, que de forma geral, são muito quentes e que poderiam afetar na qualidade do mesmo. Além disso, vale informar que em méis adulterados o HMF apresenta teor elevado, em função da adição de xarope de milho ou beterrada", explica Reis.
O pesquisador destaca ainda que o teor de minerais encontrado nas amostras analisadas confirma que a produção foi realizada numa área geograficamente "limpa", ou seja, isenta de contaminação por metais pesados. "O conteúdo de minerais gera dados inéditos, que poderão auxiliar na classificação do mel do Pantanal, a partir da correlação da composição dos metais com a origem geográfica. Cabe ainda destacar que a predominância de cores claras nas amostras, aliada ao resultado positivo de aprovação dos participantes das análises sensoriais, em relação ao sabor e impressão geral dos méis pesquisados são favoráveis, e podem resultar num produto de alta aceitação nos mercados nacional e internacional", afirma Reis.
Através desses resultados, a equipe de pesquisadores concluiu que a produção do mel da Embrapa Pantanal, na fazenda Nhumirim, é conduzida de forma adequada, tanto no que diz respeito ao manejo apícola quanto em relação às boas práticas de fabricação. "Sendo assim, esperamos que os conhecimentos validados neste trabalho possam contribuir com novas diretrizes para a expansão da apicultura com qualidade no Pantanal, fornecendo subsídios para a consolidação da cadeia produtiva apícola regional e o desenvolvimento de um produto de alto valor agregado, através de futuras ações como, por exemplo, a certificação de origem geográfica do mel obtido no Pantanal", salientou Reis.
Reis agradece a todos os colegas da Embrapa Pantanal que gentilmente participaram da análise sensorial dos méis e acrescenta que essa pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através do Programa de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas em Apoio à Inovação Tecnológica (RHAE - Inovação - Processo nº 555365/2005-0).