sexta, 07 de março de 2008
Gazetaweb
A indústria turística mundial mostrou hoje ser a favor de uma revolução sem alardes com a qual o setor faça frente à pressão de ser, ao mesmo tempo, causador e vítima do aquecimento global.
Esse ponto de vista foi defendido durante a International Tourism Bourse (ITB, sigla em inglês), feira internacional do setor realizada em Berlim.
Segundo números divulgados pela Organização Mundial do Turismo (OMT) durante a ITB - onde a mudança climática está sendo uma das estrelas dos debates -, o turismo gera 5% das emissões de dióxido de carbono (C02) enviadas para a atmosfera. Se a atividade turística fosse tida como um país, seria o quinto maior poluidor do planeta.
"O turismo, grande gerador de emprego e arma contra a pobreza, precisa tomar medidas contra a mudança climática e a favor do objetivo de sustentabilidade", declarou o vice-secretário-geral da OMT, Taleb Rifai, acrescentando que grande parte do patrimônio turístico pode desaparecer por causa de problemas climáticos.
Vincent Vanderpool-Wallace, secretário-geral da Organização de Turismo do Caribe, foi taxativo sobre o assunto. "Os relatórios científicos mostram que as zonas litorâneas e pequenas ilhas serão os locais mais afetados pela mudança climática. Para o Caribe, controlar esse fenômeno é uma questão de sobrevivência", disse.
Para Rifai, é justamente por essa razão que "o turismo, que é parte do problema da mudança climática, deve ser também parte da solução".
Um total de 75% das emissões provocadas pelo turismo vem do transporte de passageiros e, dentro dessa cifra, 40% têm origem apenas na aviação.
Segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), a aviação mundial é responsável por entre 2% e 3,5% das emissões de CO2 mundiais, uma contribuição que, de acordo com a entidade, pode crescer até 5% ou 6% em 2050.
O especialista em aviação Luc Citrinot afirmou que o setor aéreo faz o possível para reduzir suas emissões e destacou a importância de medidas como acrescentar extensões de asa às aeronaves, o que reduz o consumo de querosene e, conseqüentemente, as emissões de CO2.
Entretanto, segundo a OMT, as novas tecnologias não serão suficientes para ajudar no combate à mudança climática.
A explosão do tráfego aéreo mundial está muito próxima à incorporação massiva ao circuito de viagens de países como China, Rússia e Índia, o que se soma à contínua tendência de alta dos Estados Unidos, Japão e União Européia.