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quinta, 24 de janeiro de 2008

Apicultura pode ser desenvolvida em larga escala no Pantanal

Embrapa Pantanal

A apicultura é uma atividade produtiva do meio rural que pode ser desenvolvida em larga escala no Pantanal devido à existência de extensas áreas que foram submetidas a reduzidas alterações antrópicas durante o processo de ocupação quando comparada com outras regiões do Brasil.

Tais mudanças são caracterizadas por vegetação mais esparsa e sujeita a maior exposição solar, menor umidade e temperaturas mais elevadas, quando comparadas a áreas de mata preservada, com vegetação alta, densa e dossel fechado.

Dessa forma, ainda apresenta flora nativa muito variada e que pode possibilitar a produção de mel e de outros produtos apícolas em grandes quantidades. A apicultura representa um interessante potencial econômico alternativo a ser desenvolvido na região pantaneira, principalmente se os produtos apícolas forem obtidos em sistemas de produção que agreguem mais valor aos mesmos como, por exemplo, o orgânico e/ou o com denominação de origem, do que os similares do sistema convencional de produção.

Além disso, a produção de mel oriundo de floradas silvestres está se tornando cada vez mais escassa no Brasil e no mundo. Por esse motivo, o desenvolvimento da apicultura está cada vez mais dependente das culturas agrícolas e/ou florestais nas quais, em alguns casos, são utilizados produtos agroquímicos de maneira inadequada.

Essa condição pode prejudicar a qualidade de todos os produtos apícolas devido a possível contaminação dos mesmos com resíduos que podem ou não ser tóxicos para as pessoas. Porém, essa não é a situação verificada no Pantanal, onde a principal atividade econômica é a criação extensiva de bovinos e, a agricultura está restrita a pequenas áreas, geralmente para atender à subsistência dos próprios produtores.

A produção apícola poderá ser consolidada nos assentados rurais, simultaneamente com outras atividades já presentes nesses locais e, dessa forma, contribuir para a geração de novos empregos que resultem em melhorias na renda e na dieta alimentar das famílias que residem nessas propriedades agropecuárias de base familiar.

Da mesma forma, essa alternativa econômica também poderá ser desenvolvida de maneira complementar pelos pescadores profissionais-artesanais, principalmente, na época do defeso da piracema, quando a pesca fica suspensa em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e pelas diversas comunidades indígenas remanescentes na região pantaneira.

Outras características intrínsecas à apicultura favorecem a sua expansão no Pantanal, pois são vantagens competitivas em relação a outras ocupações econômicas tais como, por exemplo, a necessidade de pequenas áreas para a instalação das colméias, o ciclo curto, a exigência de pequenos valores de capital inicial e de manutenção.

Contudo, alguns ajustes necessitam serem realizados no atual sistema produtivo, pois muitas das tecnologias utilizadas pelos apicultores locais são baseadas em conhecimentos empíricos e/ou em adaptações de técnicas adotadas em outras regiões do país e que não atendem totalmente as demandas dos interessados em desenvolver a apicultura no Pantanal, como ficou demonstrado em alguns casos de insucesso relativamente recentes.

No entanto, deve ser feita uma ressalva em relação à consolidação da apicultura no Pantanal referente às possíveis vantagens competitivas pelos recursos alimentares, locais para a nidificação, entre outras características que as abelhas africanizadas (poli-híbrido resultante do cruzamento de algumas subespécies européias com uma subespécie africana da abelha melífera - Apis mellifera L. - e que foram introduzidas nas Américas após 1492) apresentam em relação às diversas espécies de abelhas nativas dessa região e que devem ser objeto de futuras pesquisas.

A constatação destas características por parte da Embrapa Pantanal, instituição vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), motivaram a implantação da área de pesquisa em apicultura nesse centro ecorregional da Embrapa.

Produção pequena

Após estudos minuciosos, a Embrapa constatou que apesar de todas condições favoráveis, a apicultura ainda é desenvolvida em pequena escala produtiva nos assentamentos rurais da região de Corumbá. Segundo o pesquisador Vanderlei Doniseti dos Reis, da Embrapa Pantanal, há diversos gargalos técnicos que dificultam a sua consolidação como uma atividade econômica significativa nessas propriedades.

Projeto aprovado pela Embrapa prevê atividades que serão executadas nos assentamentos rurais Taquaral e Tamarineiro II em algumas das limitações que dificultam o desenvolvimento da apicultura regional.

Uma delas é a inexistência de um levantamento da flora apícola disponível ao longo de no mínimo três anos consecutivos. Também é necessário identificar, quando possível, os recursos fornecidos pelas plantas (néctar, pólen, resinas e/ou substâncias açucaradas - melatos) para as abelhas africanizadas, que permitam a elaboração de um calendário apibotânico para a área estudada.

Outra demanda é a realização de um diagnóstico específico envolvendo inicialmente os apicultores existentes, para caracterizar os sistemas produtivos do seu assentamento e como a apicultura se relaciona com os demais tipos de produção encontrados.

"Este projeto visa contribuir com informações técnicas e socioeconômicas para a consolidação da apicultura como atividade produtiva para os agricultores familiares dos assentamentos rurais de Corumbá e Ladário", disse ele.

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