sexta, 19 de outubro de 2007
MS Notícias
A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul inaugura no dia 23, às 15h, a exposição Temporária Artesanato da Região do Pantanal, na Casa do Artesão de Campo Grande. Serão apresentados trabalhos de artesãos de Anastácio, Aquidauana, Miranda e Corumbá.
Entre eles, José Messias de Jesus, Luiz Augusto Ferreira e outros do Grupo de Produção de Abrólio - Resgatando Raiz e da Associação Amor Peixe. Serão exibidas ainda, a cerâmica Terena.
Artesãos
José Messias de Jesus é um artesão de Anastácio, numa humilde família do Sul de Minas Gerais. Aos nove anos, perdeu o pai e teve que começar a trabalhar para ajudar no sustento da casa. Nesta época difícil, mudou-se para São Paulo. Lugar onde, depois de trabalhar numa sapataria, passou a fazer o trabalho de artesanato com o couro.
Ao mudar-se para Mato Grosso do Sul, começou a trabalhar numa selaria com um amigo. Em quatro meses abriu sua própria selaria, onde trabalha o couro artesanalmente até hoje. Ele é o único artesão que produz artefatos em couro em Anastácio. Seus produtos têm uma demanda tão grande que só ele não consegue supri-la. Atualmente está ministrando uma oficina para repassar sua técnica, formar outros artesãos e possibilitar a continuidade dessa arte.
O Grupo de Produção de Abrólio - Resgatando Raiz, iniciou seu trabalho em maio de 2005, na Casa do Artesão de Aquidauana, convidado pelo vereador Paulo Reis e pelo presidente da Câmara na época. Desenvolvido por Maria Santos Calonga, com recursos restritos, o grupo adquiriu os primeiros materiais para os alunos confeccionarem e comercializarem seus trabalhos. Nestes dois anos, o grupo tem recebido apoio da Secretaria de Ação Social e da FCMS, por meio de oficinas de treinamento para que os alunos possam aperfeiçoar a técnica e o acabamento de seus trabalhos.
O núcleo é voltado às pessoas de baixa renda e tem como objetivo ajudá-las a incrementar sua renda. A cerâmica Terena é produzida, em sua maioria, na região da bacia do Rio Miranda, em especial nas aldeias Cachoeirinha e Argola. Atualmente ela perdeu um pouco da sua característica original, e adquiriu uma nova identidade estética, voltada para a comercialização, sem deixar, contudo, de preservar sua resistência e sua singela beleza. A cerâmica Terena tem um caráter utilitário, o que exige um processo de queima das peças bastante cuidadoso.
A qualidade do produto depende em grande parte desta etapa da fabricação. As peças são enfeitadas com delicados desenhos -linhas, pontos, flores, espirais, e outros motivos que as identificam. As técnicas de fabricação são ensinadas pelas mulheres mais velhas às mais jovens. É uma atividade que estimula e reforça os laços de solidariedade familiar. Luiz Augusto Ferreira, artesão de Corumbá, em 1967, aprendeu a fazer cestas de salsaparrilha com a avó.
A técnica foi aprendida com uma índia boliviana, em troca de latas de mantimentos. Uma planta sem utilidade para ninguém, para eles era de grande valia. A salsaparrilha é chamada de "o cipó dos milagres". Ele é cheio de nós e tipicamente pantaneiro, encontrado nas morarias de Corumbá. É colhido duas vezes por mês e produzem dois tipos de cestas: redonda e ovalada. A Associação Amor Peixe, de Corumbá, foi fundada em 2003. O couro de peixe é utilizado para a produção de bolsas, roupas, brincos, agendas entre outros objetos.
O artesanato em pele de peixe fez sucesso também, na Fashion Rio em junho de 2006, maior evento de moda do país. Na ocasião, foi apresentada a produção de diversas peças artesanais confeccionadas pela Amor Peixe, como roupas, bolsas e carteiras. Atualmente os produtos têm sido apresentados para empresários do exterior. A Casa do Artesão fica na av. Calógeras, 2050.