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sexta, 05 de outubro de 2007

Seca no Pantanal: pecuaristas avaliam emergência

Campo Grande News

O longo período de estiagem no Pantanal- não tem chuva expressiva desde maio- aliado à seca do rio Paraguai, que baixou quatro centímetros e alcançou 1,70 metro na régua do Serviço de Sinalização Náutica, do 6º Distrito Naval de Ladário, faz o Sindicato Rural de Corumbá estudar pedido ao Executivo para que decrete Estado de Emergência na área rural do município.

"Nós ainda estamos estudando isso, com relação à seca. Na verdade, o nosso prejuízo continua. Estudamos isso para ver como vai se comportar o mercado, porque na cheia o gado morre; na seca você vai transferindo o gado de uma invernada para outra, faz rodízio dessa pastagem. Por mais seca que ela esteja, você ainda consegue manter o gado", afirmou o presidente do Sindicato Rural, Pedro Luiz de Souza Lacerda. Em março deste ano, o Sindicato propôs o decreto ao prefeito Ruiter Cunha de Oliveira, em razão da cheia que afetava a região.

Lacerda explicou que a análise é criteriosa e cuidadosa, apontando medidas para manter o rebanho. "Na cheia ou você retira o gado todo da região alagada e leva para um lugar mais alto ou então, você não tem onde por e ele tem de permanecer ali e comer a vegetação que está por cima da água; quando não tem ele vai morrer mesmo. Na seca, você faz rodízio, consegue mesmo com a pastagem seca. Tem o sal mineral que dá para ter proteína para manter, não deixar morrer", observou.

"Vemos com muita preocupação, porque tem algumas propriedades, principalmente na área mais alta que estão tendo prejuízos com o emagrecimento do gado; falta de pasto. O prejuízo é muito grande, com queda na produção. Já vínhamos de uma queda na produção por causa da cheia, agora o gado magro, as vacas saíram dessa cheia magra; continuaram magras nessa seca. Nós vamos ter uma perda substancial de bezerros para nascer", declarou.

Segundo o presidente do Sindicato Rural, o estado de emergência nas áreas atingidas pela cheia no Pantanal, totalizando 45,23% do território do município de Corumbá, decretado em 28 de março pela Prefeitura, não trouxe ganhos aos produtores pantaneiros. "Não fomos ressarcidos de prejuízo nenhum, nosso prejuízo é incalculável. Absorvemos e ficamos com o prejuízo e vamos seguir tentando produzir", disse. O decreto, em caráter excepcional, determinava, à época, vigência de 90 dias, prorrogável até por 180 dias, e estimava prejuízo na faixa de R$ 120 milhões devido à intensidade das inundações, de fevereiro a junho.

Falta no mercado- Os problemas enfrentados pelos pecuaristas são semelhantes na seca e na cheia. "Há emagrecimento no rebanho tanto na cheia quanto na seca. Na cheia porque cobre a pastagem e na seca porque ele come toda a pastagem e a pastagem não consegue reverdecer, ter nutriente necessário para que ele mantenha um estado sanitário bom, com peso ideal. Consequentemente esse pasto diminui", esclareceu o dirigente sindical lembrando que esse quadro causa "perda de peso" e consequentemente "as matrizes não emprenham".

"Não podemos esquecer que saímos da cheia e ela (vaca) já estava magra; achamos que teríamos um período com pelo menos alguma chuva e já vamos para quatro meses sem chuvas", avaliou. Pedro Lacerda não acredita na queda do preço da arroba em razão do emagrecimento do rebanho bovino. Ele diz ter a certeza que faltará gado gordo no mercado.

"A arroba está com preço ainda de quatro anos atrás. Não ganhamos nada com a arroba que está aí, simplesmente nem empatamos com o preço o custo de produção. A arroba está em torno de R$ 58 a R$ 60, varia nisso aí, do boi. A vaca entre R$ 52 e R$ 55. A arroba em si não tem como cair, mas vai haver uma escassez de gado gordo, porque onde se engorda esse gado, nas pastagens cultivadas, a área também está seca. Esse proprietário que engorda terá de complementar a alimentação para manter o peso desse gado e poder abater. A conseqüência é que vai faltar gado gordo no mercado, com certeza", afirmou.

Essas adversidades já estão incorporadas à rotina do pantaneiro "Só quem vive aqui consegue conviver com esse antagonismo, cheia depois seca. Isso é inerente ao pantaneiro. Quem vem de fora não consegue equacionar", finalizou.

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