quinta, 04 de outubro de 2007
G1
As constantes mudanças e adaptações da malha aérea, mais o medo de andar de avião que se disseminou após os acidentes graves, impuseram ao profissional do turismo o desafio de descobrir alternativas de transporte e de viagens. Apesar das perdas, as perspectivas são boas para o setor, segundo especialistas.
"Essa é uma crise conjuntural, não é estrutural. Pode existir o problema temporário. E também, se a pessoa não vai enfrentar o problema dos aeroportos, acaba viajando de outra forma. Acontecem adaptações", afirma o coordenador do curso de turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Aguinaldo César Fratucci.
Segundo ele, hoje existe uma demanda muito grande na área de hotelaria. "Desde a pequena pousada até o grande resort oferecem empregos. E outra área promissora é o planejamento e organização de eventos, negócios e congressos", afirma. "Cada vez mais, há demanda por eventos internacionais".
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh), Moacyr Roberto Tesch Auersvald, o Brasil demorou a aproveitar o potencial do turismo. "Depois do 11 de setembro, diminuiu a quantidade de viagens para os Estados Unidos, e o Brasil não soube explorar isso. Podíamos explorar mais", diz.
Mesmo assim, Auersvald é otimista: "O Brasil tem de tudo. Começa com o frio do Sul; tem a gastronomia de São Paulo, o portal de entrada que é o Rio de Janeiro. As praias do Nordeste não ficam devendo para lugar nenhum. Tem ainda a Amazônia e o Pantanal para turismo ecológico. Qual é o país que tem toda essa diversidade de espaços no mesmo território?".
Embora as paisagens ajudem, falta, segundo o presidente da Contratuh, um elemento fundamental: a capacitação dos atendentes da base. O atendimento, de acordo com Auersvald ainda deixa a desejar. "Se a qualidade do ser humano não for de primeira, o hotel pode comprar abajures sofisticados, fazer a melhor decoração, que não adianta. Se o funcionário deixa a desejar, o turista não volta", diz.
O cenário profissional no turismo fica então com um número bom de profissionais com nível superior e uma grande massa, muitas vezes, sem a formação adequada. O que sugere um outro campo para atuação do bacharel: ajudar a capacitar os agentes locais.
Com esse pensamento, o curso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se articulou. "A gente faz a abordagem do turismo como vetor do desenvolvimento regional. Uma atividade que gera emprego e renda no local", explica a professora Mariana Oliveira Lacerda.
Profissão
A profissão do turismólogo não é regulamentada e o piso salarial varia conforme a região e a função exercida. Mesmo sem um conselho federal, há certas "regras" que o mercado dita para os profissionais.
A primeira é que, quanto mais conhecimento de idiomas, melhor. Só com o português, até dá para conseguir trabalhos bons no Brasil, mas a perspectiva de crescimento fica limitada. Outra característica importante é a experiência em estágios e laboratórios. O estudante deve fazer o máximo que puder para ampliar a prática durante a graduação.