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KADIWÉUS - NOTA SOBRE AS FONTES


A mais importante referência histórica sobre os Kadiwéu (ou os Guaikurú-Mbayá) encontra-se na obra do Pe. José Sanchez-Labrador intitulada El Paraguay Católico, considerada uma das melhores etnografias escritas no século XVIII. Vários cronistas no século XIX registraram, com mais ou menos detalhes, as suas impressões sobre estes índios, sua localização, modo de vida e relações com os colonizadores. Dentre eles, destacam-se Ricardo Franco de Almeida Serra, Francisco Rodrigues do Prado, Alexandre Rodrigues Ferreira, Francis Castelnau, Alfred d'Escragnole Taunay (que narrou episódios da participação indígena na Guerra do Paraguai) e, notadamente, Guido Boggiani. Este último autor viveu alguns meses entre os Kadiwéu no final do século passado e nos legou, entre outros escritos, o seu rico diário de campo referente àquela visita, publicado com o nome de Os Caduveos.

Boggiani recolheu um vasto material representativo da arte e artefatos Kadiwéu, cuja mais significativa coleção encontra-se hoje conservada pelo museu "Luigi Pigorini", em Roma. Pode-se obter igualmente informações históricas em relatórios de Presidentes da Província do Mato Grosso guardados pelo Arquivo Nacional. Quanto a trabalhos antropológicos propriamente ditos, Alfred Métraux nos oferece estudos etnológicos sobre os índios do Grã Chaco, sobretudo no que tange à religião.

Claude Lévi-Strauss esteve entre os Kadiwéu em 1937 e escreveu sobre sua arte. Darcy Ribeiro procedeu pesquisa de campo entre os Kadiwéu no final da década de 1940 e seus trabalhos mais importantes sobre os mesmos estão reunidos no volume Kadiwéu: Ensaios Etnológicos sobre o Saber, o Azar e a Beleza que, como já indica o título, trata de mitologia, xamanismo e arte. Escreveu também um artigo sobre "O sistema familial Kadiwéu" (1948).

Mais recentemente foram defendidas duas teses de mestrado: a de Jaime Siqueira Jr. (USP, 1993), que trata da construção do tempo e espaço Kadiwéu; e a de Mônica Thereza Pechincha, intitulada Histórias de Admirar: Mito, Rito e História Kadiwéu (UnB, 1994). A língua Kadiwéu foi estudada por Silvia L.B. Braggio (1981). Quanto a relatórios técnicos, cabe mencionar os produzidos por Alain Moreau, que há vários anos freqüenta e acompanha a sociedade Kadiwéu e tem lhe prestado, mediante iniciativa pessoal, valiosa assessoria jurídica, sobretudo na condução do processo de substituição do regime de arrendamento.