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quinta, 26 de agosto de 2010

Canteiros de plantas medicinais

Canteiros de plantas medicinais para multiplicação


Por: Marçal Henrique Amici Jorge

No Brasil, o uso de plantas com poderes medicinais é uma tradição que tem suas origens na cultura indígena. Por centenas de anos, estas plantas foram utilizadas para tratar doenças e amenizar dores e incômodos e, nos dias atuais, as plantas medicinais ocupam lugar de destaque como alternativa terapêutica viável, além de uso em cosméticos, etc.

Com o crescente aumento da população, aliado a outros fatores sociais e econômicos, a demanda por produtos desta natureza tem atingido proporções que podem comprometer a preservação e a conservação destes recursos naturais. O extrativismo, considerado como uma das ações responsáveis pelo comprometimento deste estoque natural, é responsável pela ameaça constante de extinção de várias espécies vegetais.

Para que as futuras gerações desfrutem da mesma diversidade vegetal, torna-se necessário que algumas atitudes sejam tomadas. Uma delas seria o cultivo em pequena escala de algumas dessas plantas. Com o intuito de manter um fornecimento constante dessas plantas, a produção de mudas é tida como uma alternativa bastante eficaz em contra posição ao extrativismo indiscriminado, observado em várias regiões. Uma combinação de técnicas de cultivo e produção de mudas desenvolvidas para outras atividades, como a horticultura e  a fruticultura, é de extrema importância e essencial para que adequações sejam feitas às plantas medicinais.

Assim, com a iniciativa da Embrapa Pantanal, juntamente com a Prefeitura Municipal de Corumbá, foi construído um conjunto de canteiros de plantas medicinais nas Instalações da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária - INFRAERO em Corumbá, MS, que também participa como forte aliada.

Esta ação, de caráter inédito da Embrapa Pantanal, tem o propósito de conservar, preservar e fornecer mudas de espécies de plantas medicinais nativas e exóticas para a população local, e está vinculada ao projeto intitulado “Produção, processamento e comercialização de ervas medicinais, condimentares e aromáticas”, proposto por pesquisadores da EMBRAPA. O objetivo do projeto é apoiar o agronegócio de plantas medicinais, aromáticas e condimentares, por meio do treinamento de técnicos e qualificação de pequenos agricultores e seus familiares em produção e manipulação de ervas, por meio da adoção de boas práticas agrícolas e higiene, e que atendam as demandas dos segmentos de fármacos e condimentos. Além disso, a inserção da Embrapa Pantanal em atividades em prol do desenvolvimento sustentável da comunidade local passa ainda por ações de responsabilidade social.

A área dos canteiros é de aproximadamente 550 m2. No local, 13 canteiros foram construídos, os quais serão usados para o cultivo inicial de 22 espécies de plantas medicinais utilizadas pela população local, que são:

Agrião (Nasturtium officinale R. Br.);
Alfavaca (Ocimum gratissimum L.);
Alho (Allium sativum L.);
Babosa (Aloe vera (L.) Burm. F.);
Camomila (Matricaria chamomila L.);
Capim cidreira (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf.);
Carqueja (Baccharis trimera (Less.) DC.);
Cavalinha (Equisetum arvense L.);
Cebola (Allium cepa L.);
Chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth.) Mich.);
Confrei (Symphytum officinale L.);
Erva baleeira (Cordia verbenacea L.);
Erva cidreira (Lippia alba (Mill.) N.E.Br. ex Britt & Wilson);
Erva-doce (Pimpinella anisum L.);
Funcho (Foeniculum vulgare (Mill.) Gaertn.);
Gengibre (Zingiber officinale Roscoe);
Ginseng-do-Pantanal (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen);
Guaco (Mikania sp.);
Hortelã (Mentha sp.);
Manjericão (Ocimum basilicum L.);
Nó-de-cachorro (Heteropterys aphrodisiaca O. Mach);
Quebra-pedra (Phyllanthus sp.)

As mudas de algumas destas espécies já estão sendo produzidas na casa de vegetação da Embrapa Pantanal e serão transplantadas para os canteiros na INFRAERO. No futuro, estas mudas servirão de matrizes para a produção das mudas a serem disponibilizadas para a população local. Estão sendo construídos também um minhocário e uma composteira, com a intenção de se fornecer húmus e adubo orgânico como fonte de nutrientes para as plantas. Pretende-se também utilizar a área para avaliações com o Nó-de-cachorro, uma vez que experimentações com a planta já foram iniciadas na casa de vegetação e no Pantanal, em fazenda da Embrapa.

A previsão para conclusão das obras e início das atividades de produção de mudas está prevista para junho de 2006. À partir desta data, qualquer pessoa interessada pode visitar a instalação e participar do projeto que será coordenado de forma conjunta pela Embrapa Pantanal, Prefeitura Municipal e INFRAERO.

Marçal Henrique Amici Jorge ( marcal@cpap.embrapa.br ), é pesquisador da Embrapa Pantanal ( www.cpap.embrapa.br ), Corumbá-MS e Dr. em Fitotecnia.

COLUNISTA

Embrapa Pantanal

embrapa@portalbonito.com.br

Embrapa Pantanal, Coluna de publicação de artigos da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias do Pantanal.

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