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quinta, 26 de agosto de 2010

Aqui o Turista é Respeitado?

Você provavelmente já viu, em algum hotel ou sítio turístico, um cartaz com esta frase estampada em português, inglês e espanhol – obviamente que sem o ponto de interrogação no final. Trata-se de uma campanha lançada pela Embratur em 2001, onde foi produzido material gráfico destinado a prestadores de serviços credenciados pelo bom atendimento ao turista. E por que eu decidi transformar esta afirmação em pergunta? Vamos à história.

No momento estou fazendo um trabalho fotográfico em Foz do Iguaçu, onde fica o Parque Nacional mais visitado do Brasil, especialmente por um grande número de estrangeiros. São cerca de 800 mil pessoas indo ao Parque por ano. Como era de se esperar, toda a estrutura de visitação está muito bem adaptada para receber estrangeiros, com guias de turismo bilíngües, folhetos e placas em outros idiomas. Porém, chegar aqui não foi nada fácil.

Devido ao caos em nosso sistema aéreo, acrescido das condições climáticas, minha viagem atrasou cerca de 12 horas, e eu – assim como dezenas de outros passageiros – fiquei “preso” em Curitiba. Inicialmente o vôo estava previsto para decolar com quase 2 horas de atraso, mas quando este prazo estava expirando, fomos informados de que devido ao mau tempo o avião não poderia pousar e portanto nosso vôo estava cancelado. Nós teríamos que nos dirigir ao balcão da companhia aérea para retirar a bagagem, remarcar a viagem, negociar e optar entre partir para Foz de ônibus (cerca de 10 horas de viagem) ou ficar em um hotel até o dia seguinte, para só então voar. Imaginem o tumulto que se instalou...

Detalhe: de todas estas informações, desde o primeiro atraso do vôo, absolutamente nenhuma foi fornecida em outros idiomas que não o português, ainda que a sala de embarque estivesse cheia de estrangeiros de diversas nacionalidades. Tentei alertar o pessoal da companhia sobre isto. Em vão. Usando meu instinto de guia de turismo, me restou tentar dar uma força para os “gringos” totalmente perdidos que estavam por perto.

Finalizando a história, não adianta nós nos prepararmos para receber bem turistas do mundo todo, se não houver um verdadeiro empenho coletivo. Em Bonito e no Pantanal, por exemplo, são nítidos os esforços que vêm sendo feitos gradualmente para atender os estrangeiros: cada vez temos mais guias de turismo e outros profissionais aprendendo inglês, já há projetos de produzir material de divulgação bi- e trilingüe, e o Guia de Campo de Bonito (lançado em 2005) foi uma iniciativa pioneira de atingir um público interessado em mais informações, além de ajudar os guias locais no atendimento a pessoas que não falam o nosso idioma.

Ou seja (respondendo a pergunta inicial): claro que temos falhas a serem corrigidas, conforme abordei na coluna anterior, mas sim, em Bonito o turista – seja de onde for – é respeitado. Agora, se antes de chegar a Bonito o nosso turista passa por uma experiência desagradável (e até traumática, eu diria) como esta, todos estes nossos esforços podem ter sido em vão...

COLUNISTA

Daniel De Granville

daniel@portalbonito.com.br

Daniel De Granville, Biólogo formado pela USP e pós-graduando em Jornalismo Científico pela Unicamp, reside em Mato Grosso do Sul desde 1994, onde tem se dedicado ao ecoturismo e à fotografia de natureza. Seu site pessoal é www.fotograma.com.br, e o dia-a-dia do seu trabalho pode ser conferido em www.fotogramablog.blogspot.com.

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