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quinta, 26 de agosto de 2010

Catando Guavira no mato

Talvez um dos frutos mais característicos do Cerrado sul-mato-grossense seja a guavira, que já foi devidamente homenageada pela violeira Helena Meirelles em seu CD "Flor da Guavira". Quem vem para a região na época certa (geralmente entre novembro e dezembro) não pode ir embora sem prová-los - seja in natura, em sorvetes ou na cachaça. Quando vai chegando a época de amadurecimento, todo mundo por aqui fica de olho nos campos, e a expectativa é grande.

Trata-se de um arbusto silvestre da família das Mirtáceas (a mesma da goiaba, da jaboticaba e da pintanga), gênero botânico Campomanesia, que cresce nos campos e pastagens. Por fora ela lembra uma goiabinha, mas o sabor é totalmente diferente de qualquer outro fruto.

Este ano os "guavirais" amadureceram mais cedo aqui. É tempo de ver as pessoas no campo com uma sacolinha na mão, colhendo guavira para comer ou vender na cidade. Para quem vem de outras partes do Brasil, este fruto - às vezes conhecido como gabiroba - pode trazer recordações da infância, quando os Cerrados ainda eram preservados e as pessoas podiam ir ao campo colhê-los. Um exemplo é o relato de um guia local que, acompanhando alguns turistas, parou na beira da estrada para colher umas guaviras. Uma senhora do grupo mordeu um fruto e pôs-se a chorar, devido às saudosas lembranças trazidas pelo sabor.

Dentre suas propriedades, é uma fruta rica em proteínas, carboidratos, sais minerais e vitaminas do complexo B, além do uso na medicina popular como adstringente e antidiarréica. A guavira pode ser também considerada afrodisíaca. Não, não se trata de mais uma daquelas invenções para vender produtos. Neste caso, é apenas porque às vezes os casais combinam de "ir pro mato catar guavira", e nove meses depois os índices de natalidade na região sempre aumentam um pouquinho...

COLUNISTA

Daniel De Granville

daniel@portalbonito.com.br

Daniel De Granville, Biólogo formado pela USP e pós-graduando em Jornalismo Científico pela Unicamp, reside em Mato Grosso do Sul desde 1994, onde tem se dedicado ao ecoturismo e à fotografia de natureza. Seu site pessoal é www.fotograma.com.br, e o dia-a-dia do seu trabalho pode ser conferido em www.fotogramablog.blogspot.com.

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