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quinta, 26 de agosto de 2010

Berço esplendido

Quero escrever sobre temas mais leves este mês, mas não consigo, minha mente está impregnada de tanta sujeira expelida por jornais, revistas e televisão. Há alguns meses escrevi aqui neste espaço sobre o número de pessoas que buscam uma vida melhor fora do Brasil, pois não conseguem oportunidade aqui, ou simplesmente não suportam as condições cruéis que o país impõe aos cidadãos de bem.

É sobre esse assunto que quero falar.

Sempre ouço os mais velhos dizerem: “no meu tempo não era assim”, “antigamente as pessoas enriqueciam honestamente”; frases como estas parecem estar a cada dia transformando-se em verdades absolutas.

Não sei o que desencadeia a corrupção, o que a faz impregnar entre a sociedade, mas é claro, perceptível, que está chegando num ponto desanimador.

Converso com muitos empresários, pessoas que lutam com honestidade e pagam seus impostos sobre a situação atual pelo qual passamos. E vejo uma voz geral clamar extrema revolta com a carga absurda de impostos e a corrupção que faz com que esse montante de dinheiro suma de maneira misteriosa.

A sociedade sabe que escândalos como os que assistimos atualmente não são novidade, e que os esquemas existem há muito tempo, corrompendo todas as esferas do poder público. A força do dinheiro e do poder corrompe qualquer ideologia e partido. E quem sofre são as pessoas de bem.

Os setores produtivos da economia nacional estão com um peso maior do que podem sustentar, pois além de terem de produzir mediante a competição cada vez maior e as margens de lucro ínfimas, ainda precisam enfrentar uma carga insana de impostos, leis trabalhistas injustas e juros vorazes.

Realmente pode-se dizer que o setor produtivo no Brasil faz um verdadeiro milagre, mas toda paciência tem limites, uma hora ele arria.

Hoje no Brasil aqueles que produzem, que trabalham, sustentam com seus impostos, enormes programas sociais, taxados por muitos como assistencialistas e eleitoreiros, e uma sede inesgotável do Estado que suga por todos os lados.

Estudos feitos por economistas e tributaristas comprovam que o brasileiro trabalha 4 meses do ano para sustentar a máquina ineficiente do Estado, ou melhor, para pagar impostos. Pagamos mais do que na Dinamarca, e o que temos de volta?

Tudo isso mina a paciência, e as reações diante deste prognóstico são as mais diversas, e não muito positivas. Algumas pessoas desistem do país, e as que podem, se vão para outras terras; outros diminuem seus negócios, demitem seus funcionários, e buscam alguma renda segura; outros migram para o lado da corrupção, juntando-se as fileiras de ratos que roem nosso país, e alguns, seguem resignados tentando sobreviver.

Para estes últimos sobreviventes de um país deitado em berço esplendido chamado Brasil, resta-nos acreditar em algo divino, em uma justiça que um dia cobrará cada centavo extorquido, cada merenda escolar desviada, cada remédio falsificado, cada negociata suja com os recursos desviados de nossos impostos.

Enquanto isso, aos prejudicados, incapazes de mudar este estado de coisas, resta a consciência limpa, deitar a cabeça no travesseiro, e ao menos dormir em paz.

COLUNISTA

Arlindo Namour Filho

namourfilho@portalbonito.com.br

Arlindo Namour Filho, 28 anos, residente em Campo Grande - MS. Formação superior em Direito e Turismo, fotógrafo profissional e repórter e articulista de turismo desde 1999, escreveu nos jornais O Palanque e A Crítica, e escreve atualmente na revista O Palanque VIP e no portal Campo Grande News.

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