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quinta, 26 de agosto de 2010

Os Gansos e o Ecoturismo

Escrever de Bonito ou de ecoturismo é impossível sem pensar em associativismo e envolvimento comunitário. Não que se esteja fazendo apologia sobre a cidade, mas, ao contrário, a intenção é ressaltar a relevância deste aspecto sócio-econômico – uma ferramenta importantíssima na busca pelo desenvolvimento. Seja ele pessoal, profissional, espiritual ou financeiro. E para falar sobre isso vou usar como auxílio uma parábola bem conhecida: “A lição dos Gansos”!

Ela diz que quando um ganso bate as asas, cria um vácuo para o pássaro seguinte. Voando numa formação de V, o bando inteiro tem o seu desempenho 71% melhor do que se a ave voasse sozinha. - Lição: Pessoas que compartilham uma direção comum e senso de comunidade podem atingir seus objetivos mais rápida e facilmente. Um exemplo disso foi o artigo escrito pelo também colunista, Alex Furtado, com o título ABAETUR – Associação Bonitense de Agências de Ecoturismo, onde o autor fala sobre as atividades desta instituição e seu posicionamento diante das necessidades da categoria – fica claro o poder que um segmento bem estruturado e organizado pode ter.

Sempre que um ganso sai da formação, sente subitamente a resistência pôr tentar voar sozinho e, rapidamente, volta para a formação, aproveitando a aspiração da ave imediatamente à sua frente. - Lição: Se tivermos tanta sensibilidade quanto um ganso, permaneceremos em formação com aqueles que se dirigem para onde pretendemos ir e nos disporemos a aceitar a sua ajuda assim como prestar a nossa ajuda aos outros. Uma atitude contrária pode significar a morte ou uma vida vegetativa para associações, sindicatos ou organizações não governamentais. Afinal estas instituições têm como razão de existência a representatividade de sua categoria – daí a importância de que seus membros estejam envolvidos e quiçá comprometidos com as metas do segmento.

Quando o ganso líder se cansa, muda para trás na formação e, imediatamente, um outro ganso assume o lugar, voando para a posição de ponta. - Lição: É preciso acontecer um revezamento das tarefas pesadas e dividir a liderança. As pessoas, assim como os gansos, são dependentes umas das outras. Por isso é importante que existam eleições nestas instituições para que o poder seja vivenciado por todos os membros, pois a democracia é um processo de aprendizado, onde aprendemos a ser menos egoístas e mais coletivos. É preciso que cada integrante do grupo tenha sua chance de experimentar diferentes papéis e, principalmente, tenha a chance de conhecer as dores e alegrias da liderança – só assim as críticas, elogios e comentários serão construtivos e maduros.

Os gansos de trás, na formação, grasnam para incentivar e encorajar os da frente a aumentar a velocidade. - Lição: Precisamos nos assegurar de que o nosso grasno seja encorajador para que a nossa equipe aumente o seu desempenho. Pensem que estamos todos no mesmo barco e cada um desempenha um papel importante no convés – logo, as tarefas são interdependentes. O sucesso de cada um depende do sucesso de todos. No caso de Bonito – o sucesso do destino turístico depende do inter-relacionamento e sucesso de cada um dos segmentos. Agências, meios de hospedagem, atrativos turísticos, guias de turismo... São elos de uma corrente. Cada um, um ganso.

Quando um ganso fica doente, ferido, ou é abatido, dois gansos saem da formação e seguem-no para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que ele esteja apto a voar de novo ou morra. Só assim, eles voltam ao procedimento normal, com outra formação, ou vão atrás de outro bando. - Lição: Se nós tivermos bom senso tanto quanto os gansos, também estaremos ao lado dos outros nos momentos difíceis. As dificuldades existem para serem superadas e os problemas para serem resolvidos. Postergar uma atitude não resolve nada, ao contrário, agrava a situação e por vezes a torna irremediável.
 
A maioria de nós está acostumada com o paternalismo estatal e acredita que a solução dos problemas está no “Outro”, isso porque não é fácil se adotar uma postura de Ganso. Exige envolvimento. E, infelizmente, essa atitude “preguiçosa” faz com que assistamos impotentes o nascimento e morte de inúmeras associações e entidades. Ou quando pior, assistimos à uma existência institucional vegetativa. Isso porque o envolvimento exige disposição de tempo, esforço, inteligência e trabalho de equipe... é um processo contínuo em qualquer situação. Em se falando de ecoturismo a exigência de envolvimento comunitário é imprescindível. Há que se criar um desenvolvimento local integrado. Ações conjuntas. Democracia. O papel de cada um reflete no todo, e o todo reflete em cada um. 

COLUNISTA

Ana Cristina Trevelin

ana@portalbonito.com.br

Administradora, pós-graduada em Gestão e Manejo Ambiental, com cursos extra-curriculares nas áreas de turismo, meio ambiente e empreendedorismo. Consultora para Gestão e Planejamento em Turismo através da Bionúcleo – Gestão Ambiental e Empresarial e membro docente do IESF/UNIGRAN, nos Cursos de Administração Rural e Turismo.

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